Platão- (427 - 347 a. C)

    Filósofo grego nascido em Atenas, foi profundo  admirador de seu mestre Sócrates. Era então um jovem de ombros largos (daí  o nome, pois plato = largura, seu verdadeiro nome era Aristócles), grande  porte físico e vigoroso, que recebera homenagens por seus feitos atléticos.Era  filho de Ariston e Perictione. Tornou-se aprendiz de Sócrates por volta dos  vinte anos. Descobrira nele e sua dialética um prazer, e se tornara um amante   apaixonado da sabedoria. Acompanhou de perto todos os passos do  julgamento de seu mestre, e o fim trágico do mesmo marcou-o  profundamente, deixando sequelas para o resto de sua vida.

    Depois da morte  por envenenamento de Sócrates, desiludiu-se de vez com a democracia ateniense e partiu em peregrinação pelo mundo. No trajeto de sua viagem que chega até nós, teria passado pelo Egito, onde ouviu da classe clerical que  governava a terra que a Grécia era um país infante, sem tradições nem uma cultura profunda. Esparta aonde conheceu a cultura militar, aonde os meninos  abandonavam seus pais para viverem uma vida dura nas montanhas, em  exposição aos elementos naturais, e os governantes se misturavam com o  povo, pois comiam e dormiam juntos.

    Itália, onde conheceu os pitagóricos sua  seita, Egito, onde ouviu da classe clerical que governava a terra que a Grécia  era um país infante, sem tradições nem uma cultura profunda, e ficou  chocado com isso. Peregrinou durante doze anos, quando retorno a Atenas  com quarenta anos. Especula-se que teria antes disso, ido ainda até a Judéia e  chegado às margens do Ganges, onde teria aprendido a meditação mística dos  hindus.

    Deixou escritos em forma de diálogos, feitos para o leitor comum de  sua época.Ao que parece a obra chegou completa, ou quase, até nós. Isso se  deve ao fato de Platão ser muito conhecido na sua época, por ter fundado em  Atenas sua Academia,(assim chamda por estar no jardim do herói grego  Academos) onde se ensinava Matemática, ginástica e filosofia. Ele valorizava  muito a matemática, por ela nos dar a capacidade de raciocínio abstrato. Na  entra da de sua academia, havia a seguinte afirmação: Não permitam a entrada  de quem não saiba geometria.

    Seriam trinta diálogos, dentre os quais os mais   conhecidos: Apologia de Sócrates(onde torna público o discurso que Sócrates   fez em seu julgamento); Hippias Maior ( o que é o belo?); Eutifron (o que é a   piedade?) ; Menon ( o que é a virtude? Pode ser ensinada? São diálogos   aporéticos e maiêuticos, pois as questões propostas não são resolvidas e o  leitor é convidado a prosseguir a pesquisa após ter purificado seu falso saber);   Teeto ( o que é a ciência?); Fédon (sobre a imortalidade da alma, faz um   relato dos últimos dias de Sócrates); Crátilo (explica a relação entre as coisas e   os nomes que lhes são dados, são eles inatos ou dependem da convenção?); o  banquete (sobre o amor ao belo); Górgias (sobre a violência, faz a distinção   entre a filosofia e a sofística) e o mais importante, A república, é um tratado   completo, onde expõe um sistema de governo e modo de vida ideais, e o   modo para se chegar até eles. Esse diálogos são um grande legado da filosofia   e literatura, pois os elevou ao gênero literário.

     Foi em suas viagens que Platão encontrou um modelo para sua República.

     Um sofista havia declarado que a força é um direito, e que a justiça é o   interesse do mais forte. As formas de governo fazem leis visando seus   interesses, e determinam assim o que é justo, punindo como injusto aquele   que transgredeir suas regras. Platão salienta que a justiça é uma relação entre   indivíduos, e depende da organização social. Mais tarde fala que justiça é   fazer aquilo que nos compete, de acordo com a nossa função. A justiça seria   simples se os homens fossem simples.

    Os homens viveriam produzindo de   acordo com as suas necessidades, trabalhando muito e sendo vegetarianos,   tudo sem luxo. Para implantar seu sistema de governo, Platão imagina que   deve-se começar da estaca zero. O primeiro passo seria tirar os filhos das suas  mães. O fato é que ele repudiava o modo de vida com a promiscuidade social,  ganância, a mente que a riqueza, o luxo e os excessos moldam, típicos dos  homens ricos de Atenas. Nunca se contentavam com o que tinham, e  desejavam as coisas dos terceiros. Assim resultava a invasão de um grupo  para o outro e vinha a guerra.

     Platão achava um absurdo que homens com mais votos pudessem assumir  cargos da mais alta importância, pois nem sempre o mais votado é o melhor  preparado. Era preciso criar um método para impedir que a corrupção e a  incompetência tomassem conta do poder públic.  Mas atrás desses  probelemas estava a psyche humana, como havia identifucado Sócrates.

    Para  Platão o conhecimento humano vêm de tres fontes principais: o desejo, a  emoção, e o conhecimento, que fluem do baixo ventre, coração e cabeça,  respectivamente. Essas fontes seriam forças presentes em diferentes graus de  distribuição nos indivíduos. Elas se dosariam umas às outras, e num homem  apto a governar ,estariam em equílibrio. Para isso, é preciso uma longa  preparação e muita sabedoria. O mais indicado, para Platão, é o filósofo:  "enquanto os filósofos deste mundo não tiverem o espírito e o poder da  filosofia, a sabedoria e a liderança não se encontrarão no mesmo homem, e as  cidades sofrerão os males".

     Para começar essa sociedade ideal, deve-se tirar os filhos dos pais, para  protege-los dos maus hábitos. Nos primeiros dez anos, a educação será  predominantemente física. A medicina serve só para os doentes sedentários
     das cidades. Não se deve viver para a doença. Para contrabalancear com as  atividades físicas, a música. A música aperfeiçoa o espírit, cria um requinte de  sentimento e molda o caráter, também restaura a saúde.

     Para Platão, a inspiração e a intuição verdadeira não se conseguem quando se  está consciente, com a razão. O poder do intelecto está reprimido no sono ou  na atenção que aflora com a doença. Ele então critica o controle da lei e da   razão à certos instintos que ele chama de ilegais.   Depois dos dezesseis anos, e de misturar a música para lições musicais com a  música pura, essas práticas são abandonadas. Assim os membros dessa  comunidade teriam uma base psicológica e fisiológica.

    A base moral será dada  pela crença em Deus. O que torna a nação forte seria Ele, pois ele pode dar  conforto aos corações aflitos, coragem às almas e incitar e obrigar. Platão  admite que a crença em Deus não pode ser demontrada, nem sua existência,  mas fala que ela não faz mal, só bem. Perguntando sobre atividade de Deus,
     falou : "ele eternamente geometriza".

     Aos vinte anos, chegará a hora da Grande Eliminação, um teste prático e  teórico, Começa a divisão por classes da República. Os que não passarem  serão designados para o trabalho econômico. Depois de mais dez anos de  educação e treinamento, outro teste. Os que passarem aprenderão o deleite da  filosofia. Assim se dedicarão ao estudo da doutrina e do mundo das Idéias.   O mundo das Idéias seria um mundo transcedente, de existência autonôma,  que está por tras do mundo sensível. As Idéias são formas puras, modelos  perfeitos eternos e imutáveis, paradigmas.

    O que pertence ao mundo dos  sentidos se corrói e se desintegra com a ação do tempo. Mas tudo o que  percebemos, todos os itens são formados a partir das Idéias, constituindo  cópias imperfeitas desses modelos espirituais. Só podemos atingir a realidade  das Idéias, na medida em que pelo processo dialético, nossa mente se afsta do  mundo concreto, atravessando com a alma sucessivos graus de abstração,  usando sistematicamente o discurso para se chegar à essência do mundo. A  dialética é um instrumento de busca da verdade.

    Platão acreditava numa alma imortal, que já existia no mundo das Idéias antes  de habitar nosso corpo. Assim que passa a habita-lo esquece das Idéias  perfeitas. Então o mundo se apresenta a partire de uma vaga lembrança. A  alma quer voltar para o mundo das Idéias. Um dos primeiros críticos de toda  essa teoria de Platão foi um de seus alunos da Academia, Aristóteles.

     Igualmente conhecida na República é a alegoria da caverna, que ilustra como percebemos apenas parte do mundo, reduzindo-o.

     Um grupo de pessoas vive acorrentada numa caverna desde que nasceu, de  costas para a entrada. Elas vêem refletida na parede da caverna as sombras do  mundo real, pois há uma fogueira queimando além de um muro, depois da  entrada. Elas acham que as sombras são tudo o que existe. Um dos habitantes  se livra das amarras. Fora da caverna, primeiro ele se acostuma com a luz,  depois vê a beleza e a vastidão do mundo, com suas cores e contornos. Ao  voltar para a caverna para libertar seus companheiros, acaba sendo  assassinado, pois não acreditam nele.

     Depois de estudas a filosofia, aqueles que forem considerados aptos irão testar  seus conhecimentos no mundo real, onde experimentarão os sissabores da  vida, ganhando comida conforma o trabalho, experimentando a crua realidade.
     Aos cinquenta anos, os que sobreviveram tornarão-se os governantes do  Estado.

     Todos terão oportunidades iguais, mas na eliminação serão designados para  classes diferentes. Os filósofos-reis não terão nenhum privilégio, tendo só os  bens necessários, serão vegetarianos e dormirão no mesmo lugar. A  procriação será para fins eugêmicos, o sexo não será apenas por prazer.  Haverá defensores contra inimigos externos, os guardiões, homens fortes,  dedicados à comunidade.

    Não haverá diferença de oportunidade entre o sexo,  sendo cada um designado a fazer uma tarefa de acordo com a sua capacidade.   Platão fala da renuncia do indíviduo em prol da comunidade, imponmdo  inúmeras condições para a vida. Ele atenta para um problema muito  preocupante em nossos dias: a superpolução. Os homens só poderiam se  reproduzir entre trinta-quarenta e cinco anos, e as mulheres entre  vinte-quarenta anos.

    Assim, resumidamente seria o Estado ideal, utópico e  justo. O próprio Platão fala de dificuldade em se fazem um emprendimento  dessa natureza. Um rei ofereceu à el terras para fazer sua República, ele  aceitou, mas o rei ficou sabendo que quem iria governar eram os filósofos e  mudou de idéia. Platão morreu em uma festa, onde se afstou num canto e  dormiu, Quando foram acorda-lo de manhã, já estava morto. Uma multidão  acompanho-o até o túmulo.

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